O ZEBU
O Gir é uma raça zebuína. As raças “brancas” chegaram à Índia por mãos dos arianos. As demais raças, a exemplo do Gir, do Guzerá e do Sindi, provavelmente tiveram introdução muito anterior, consolidando-se como “raças indianas” em Kathiavar, no deserto de Kutch e no deserto de Sind, respectivamente (Santos, 2015). Uma das raças brancas dos arianos teria passado por 14 estágios na sua formação, dentro da Índia, até chegar à fisionomia moderna do Ongole (Nelore). Já o Gir, o Sindi e o Guzerá teriam mantido sua configuração multimilenar, sem uma nítida influência dos arianos (Santos, 2013).
A palavra “Zebu” vem de “Zri-Bhu”, a qual leva a um dos fundamentos da religiosidade hinduísta. “Zri” significa “santo” ou “sagrado”. Já “Bhu”, religiosamente significa o próprio planeta “Terra” e também “vaca”, pois a vaca é a “mãe-nutriz” dos seres humanos. Daí que “Zri-Bhu” indica o gado sagrado da Índia (Santos, 2015). Lá eles são selecionados basicamente para a produção de leite, embora também sejam usados para o trabalho.
Os zebuínos (Bos taurus indicus) evoluíram nos trópicos na presença de elevadas cargas de calor, de doenças tropicais, de grandes variações na disponibilidade dos nutrientes e de alto desafio de parasitas internos e externos. Por milhares de gerações, a seleção natural para sobrevivência na presença destes estresses ambientais resultou em raças que possuem boa adaptação a altas temperaturas, radiação solar elevada e muitas doenças tropicais, incluindo doenças oculares (Ledic; Tetzner, 2008).
A seleção natural sob circunstâncias de baixa disponibilidade nutricional e elevadas temperaturas, favoreceram os animais com uma intensidade metabólica baixa e pequena exigência nutricional para manutenção como os zebuínos (Santos, 2013).
O ZEBU NO BRASIL
Embora vários autores já tenham descrito que a criação e a seleção de bovinos no Brasil tenham iniciado a partir da introdução das raças européias vindas com a colonização portuguesa (Ledic; Tetzner, 2008), a participação das raças zebuínas, de origem indiana, na pecuária brasileira é expressiva, haja vista o número de rebanhos constituídos por zebuínos e seus cruzamentos explorados para carne e para leite. Em se tratando de pecuária leiteira, a raça Gir é amplamente utilizada nos cruzamentos com as raças taurinas especializadas para produção de leite no Brasil para a obtenção de mestiços (Santana Júnior et al., 2015).
Canda (2014) e Stumpf (2014), afirmam que como consequência da grande extensão territorial do país, da adversidade climática (em especial das elevadas temperaturas e demais desafios do ambiente tropical), as raças zebuínas têm se destacado progressivamente na atividade leiteira, tanto em sistemas com exploração de raça pura como em sistemas de cruzamento. Conforme Assis (2007), os zebuínos se adaptaram bem ao clima brasileiro, principalmente no Brasil central, onde está a maior parte do rebanho nacional.
A RAÇA GIR
O Gir veio da região de Gir, na província de Gujarat, península de Kathiavar, na Índia. Conforme Santos (2015), o Gir talvez seja a raça zebuína mais antiga do planeta, segundo sugestões da literatura sagrada hinduísta. Em seu mesmo habitat, existem carneiros Kathiavari, caprinos Cutchi e bubalinos Jafarabadi, todos de perfil ultraconvexo, que levam ao ancestral comum que poderia ser o antílope de Sanson. O mesmo autor descreve que o Gir é a única raça-tronco bovina com conformação craniana ovóide; perfil ultraconvexo; chifres voltados para fora, para baixo e para trás; orelhas longas e retorcidas.
Na Índia, o Gir é selecionado para produção de leite e para tração pesada, indicando forte musculatura. Conforme Santos (2013), o Gir, atualmente, possui grande popularidade na Índia, principalmente pela sua notável mansidão e aptidão leiteira, sendo comum encontrar vacas Gir produzindo leite nos templos e centros de pesquisa. O autor complementa afirmando que é uma raça muito estudada, havendo relativa fartura de dados técnicos sobre famílias leiteiras.
Várias importações possibilitaram a entrada do Gir no Brasil. De acordo com Reis Filho et al. (2015), a raça Gir, introduzida entre 1906 e 1962, tem ampla aceitação dos produtores em regiões tropicais e subtropicais devido à capacidade de adaptação a diferentes sistemas, especialmente aqueles baseados em sistemas extensivos e semiextensivos de produção.
Santos (2013), afirma que o Gir chegou ao Brasil em 1911, passando por um formidável progresso. Em meados da década de 1930, os pecuaristas sentiram a necessidade de retornar às raças puras indianas e o Gir iniciou um “período de ouro”, com animais sendo muito valorizados. O registro genealógico da raça foi implantado em 1938 no Brasil. Estes registros demonstraram que a raça Gir era a principal entre todas as raças zebuínas, mantendo essa posição até 1967, com 59,46% dos registros (Ledic; Tetzner, 2008).
O Gir foi considerado “a raça dos cafezais”, onde produzia leite, carne e ajudava na tração. Os mestiços de Gir chegaram a receber preços especiais pela conformação frigorífica e rendimento de carcaça em regiões como a de Barretos (SP). Por outro lado, o mercado levou os criadores a aperfeiçoarem as características de corte na raça, deixando de lado, por longo tempo, as características leiteiras – as quais ficaram sendo selecionadas em poucos rebanhos (Santos, 2013).
A partir da década de 1950, o Nelore passou a se expandir e lentamente o Gir foi ficando relegado a alguns criadores tradicionais e aos que ordenhavam suas vacas. As importações da década de 1960 introduziram novas linhagens leiteiras, embora com menor influência na seleção para carne. Enquanto isso, o Nelore, com essas importações, disparou na preferência dos criadores de gado de corte (Santos, 2013).
O GIR LEITEIRO
Entre 1930 e 1960, o Gir produzia leite na região de Franca (SP), em decidida seleção para esta aptidão. Também já eram realizados muitos cruzamentos com a raça Holandesa, tanto na região de Franca como na do Vale do Paraíba. Em meados da década de 1960, para atender o enorme mercado de propriedades leiteiras, alguns selecionadores passaram a segregar as fêmeas Gir que se destacavam por sua aptidão leiteira (Santos, 2013).
A genealogia de muitas famosas vacas “recordistas” de produção leiteira revela que o “Gir Leiteiro” vem desde a década de 1920, ao lado do Gir de múltiplas aptidões. A vaca Gir sempre foi boa leiteira, tendo estabelecido um núcleo de seleção na região de Franca (SP) que ficou famoso pelo esmero na caracterização racial e na produção de leite. Depois ocupou os imensos cafezais e, finalmente, o país inteiro por ocasião da Segunda Guerra Mundial (Ledic; Tetzner, 2008).
O atual Gir Leiteiro é resultado da seleção efetuada tanto por entidades governamentais como a Estação Experimental de Umbuzeiro no estado da Paraíba e a Fazenda Experimental Getúlio Vargas em Uberaba/MG (hoje pertencente à Epamig) quanto por criadores dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (Ledic; Tetzner, 2008). De acordo com Santos (2013), esses criadores começaram seus rebanhos Gir Leiteiro a partir do gado originário das importações efetuadas da índia em 1919, 1955, 1960 e 1962.
Assim, o Gir Leiteiro nada mais é que uma subpopulação da raça Gir, selecionada para a produção de leite e que mantém um programa de melhoramento genético iniciado em 1985 (Reis Filho et al., 2015). Antes, em 1980 foi fundada a Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL), para promover e reunir os que mantinham a exploração leiteira com o gado Gir (Ledic; Tetzner, 2008).
Com uma crescente expansão, conforme Santos (2013), como puro ou em cruzamentos, o Gir já está presente em 82,3% das propriedades brasileiras voltadas à produção leiteira. Corroborando, Prata et al. (2015) enfatiza que o Gir Leiteiro é a principal raça zebuína leiteira no Brasil, considerando as circunstâncias de produção de mestiços nos rebanhos comerciais.
PROGRAMA NACIONAL DE MELHORAMENTO DO GIR LEITEIRO
Através de uma parceria entre a Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) e Embrapa Gado de Leite, com o apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e Epamig, nasceu em 1985 o “Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro” (PNMGL), estruturado em um teste de progênie (Reis Filho et al., 2015). O objetivo deste programa é promover o melhoramento genético da raça Gir por meio da identificação e seleção de touros geneticamente superiores para produção de leite e seus constituintes, avaliados a partir do desempenho produtivo de suas filhas puras e mestiças. Também integram o programa, as características de conformação e manejo (Panetto et al., 2017).
Conforme Pereira (2012), o teste de progênie consiste na estimativa do mérito genético dos reprodutores através do desempenho de seus filhos (progênie) para as características de interesse na população. Muitos autores defendem que o teste de progênie é um teste de comparação de reprodutores, sendo básico para qualquer programa de melhoramento genético. Corroborando, Ferreira et al. (2006) enfatiza que a avaliação e seleção de touros por meio de teste de progênie são importantes para o progresso genético em gado de leite.
Estima-se que este programa de melhoramento tenha contribuído expressivamente para a evolução do Gir Leiteiro brasileiro. Santos (2013) revela que os animais que pariram em 1985, quando o PNMGL foi iniciado, apresentaram média de 2.276 kg de leite em até 305 dias e de 2.395 kg na lactação completa (365 dias). O mesmo autor afirma que em 2003, a ABCGIL criou o “Certificado de Produção”, para garantir um produto genuinamente testado para leite, contendo informações de três gerações com dados de produção leiteira, premiações em exposições, valor genético e de provas zootécnicas.
O Gir Leiteiro é a primeira raça leiteira brasileira e zebuína do mundo com touros provados por teste de progênie. Em 1993 foi divulgado o primeiro grupo de touros provados, resultado do teste de progênie de nove reprodutores (Ledic; Tetzner, 2008). Houve resposta muito positiva do mercado, que passou a utilizar mais intensivamente sêmen de touros provados e adquirir animais provenientes de rebanhos participantes do programa. De acordo com Santos (2013) a demanda foi tão significativa, que foram comercializadas 88.754 doses dos touros provados só em 1993.
No PNMGL as informações obtidas são oriundas dos rebanhos de colaboradores distribuídos em diferentes estados. Estes rebanhos recebem gratuitamente as doses de sêmen dos touros em teste, porém sem a identificação dos reprodutores. A contrapartida é que estes criadores devem manter as filhas destes touros na propriedade até o encerramento da primeira lactação. Desta forma, torna-se possível a coleta das informações necessárias para a avaliação dos animais, através da realização do controle leiteiro, das avaliações lineares, das coletas de amostras de leite e de material genético para extração do DNA (Ledic; Tetzner, 2008).
O modelo estatístico utilizado no PNMGL é o chamado “Modelo Animal”, cujas ressalvas são prospectadas por Pereira (2012). Na avaliação pelo Modelo Animal todos os parentes afetam a predição dos valores genéticos e das capacidades previstas de transmissão (PTAs). No entanto, o grau de parentesco entre os indivíduos determina o nível de influência. Avós, primos, tios e outros parentes mais distantes têm efeito menor sobre avaliação do que filhas, filhos, pais e irmãos. Assim, todas as informações adicionadas à base de dados contribuem para alterar, em maior ou menor grau, os desvios de produção para determinado touro e consequentemente, suas predições.
CARACTERÍSTICAS LINEARES AVALIADAS NO PNMGL
Inicialmente, o PNMGL teve como foco as características produtivas, em especial a produção de leite e a produção de gordura. De acordo com Santos (2013), no início da década de 90 começaram as avaliações lineares do Gir Leiteiro. Desta forma, todas as filhas dos touros já avaliados e as filhas de touros por avaliar, passaram a ser medidas para as características lineares de conformação e manejo. Já no final da mesma década, iniciaram-se as análises para teores de proteína e o percentual de sólidos totais.
As mensurações efetuadas no Gir Leiteiro vêm sendo incrementadas desde a implantação do PNMGL, principalmente na ampliação do número de características avaliadas e consequentemente, do número de informações publicadas nos sumários. A partir da década de 2000, passou-se a extrair e estocar o DNA dos animais para genotipagem de locos de interesse econômico, como os genótipos para os genes da kappa-caseína e beta-lactoglobulina, bem como os genes relacionados com doenças genéticas (Santos, 2013).
Em se tratando de tipo, o PNMGL contempla dezesseis características de conformação e duas de manejo: Altura da garupa, ângulo dos cascos, ângulo da garupa, comprimento corporal, comprimento da garupa, comprimento de tetos, comprimento do umbigo, diâmetro de tetos, largura entre os ísquios, largura de úbere posterior, largura entre os ílios, ligamento de úbere anterior, perímetro torácico, posição das pernas vistas lateralmente, posição das pernas vistas por trás, profundidade do úbere, e as de manejo, como facilidade de ordenha e temperamento (Panetto et al., 2017).
Desde o ano de 1998 são divulgados os resultados das avaliações genéticas destes reprodutores para características lineares de conformação e manejo no sumário de touros do PNMGL. Estes resultados são apresentados por meio das STAs (do inglês “Standard Transmiting Ability”), que significam “capacidade prevista de transmissão padronizada”. As STAs permitem que todas as características sejam comparadas e representadas em um único gráfico, mesmo que tenham sido medidas em unidades diferentes (centímetros, graus e escores), por serem expressas através de pontos de desvio padrão em relação à média de cada uma delas (Panetto et al., 2017).
Sistema linear de avaliação do Gir Leiteiro
Desenvolvido para possibilitar a mensuração das características de conformação (tipo) e manjo, o sistema linear de avaliação do Gir Leiteiro contempla dezoito características:
Altura da garupa: Para essa característica, é desejado que a garupa seja suficientemente alta para manter o úbere afastado do solo. O desejável são valores superiores a 136 cm. Os escores utilizados variam de 1 a 9. O escore 1 representa a altura da garupa de 122 cm; o escore 5 representa a altura de 136 cm e o escore 9 representa altura de 150 cm (Panetto et al., 2017).
Perímetro torácico: O perímetro torácico está relacionado às capacidades cardíaca, pulmonar e digestiva dos animais. Deseja-se que os valores sejam superiores a 175 cm. O escore 1 represente perímetro de 149 cm, enquanto o escore 4 representa o perímetro de 175 cm. Já o escore 9, representa o perímetro de 209 cm (Panetto et al., 2017).
Comprimento do corpo: O comprimento do corpo está relacionado à posição, direção e arqueamento das costelas, os quais indicam as capacidades cardíaca, pulmonar e digestiva dos animais. O desejável são valores superiores a 102 cm. Na escala dos escores, o escore 1 representa comprimento corporal de 75 cm. O escore 5 representa a medida de 102 cm e o escore 9, a medida de 126 cm (Panetto et al., 2017).
Comprimento da garupa: Essa característica está relacionada ao suporte dorsal do úbere. É desejável valor acima da média (40 cm). O escore 1 representa a medida de 32 cm. A média de 40 cm está representada pelo escore 5 e o escore 9, representa o comprimento de 54 cm (Panetto et al., 2017).
Largura entre os ísquios: A garupa deve ser larga, com boa abertura entre os ísquios, proporcionando maior facilidade de parto. Deseja-se valor superior a 18 cm. O escore 1 representa a medida de 12 cm. O escore 5 representa a largura de 18 cm e o escore 9 representa a medida de 28 cm (Panetto et al., 2017).
Largura entre os ílios: Essa característica, juntamente com a largura entre ísquios, está relacionada ao suporte dorsal do úbere e à facilidade de parto. É desejável valor superior a 48 cm. A medida de 33 cm é atribuída ao escore 1. O escore 5 representa a largura de 48 cm e o escore 9 representa a medida de 64 cm (Panetto et al., 2017).
Ângulo de garupa: É medido por meio da inclinação entre ílios e ísquios. Escore acima de cinco indica garupa escorrida e abaixo de cinco, garupa plana. Valores extremos, para mais ou para menos, são indesejáveis, pois podem causar problemas de parto. O ideal é um animal com escore para ângulo da garupa próximo de cinco ou de 27,2 graus (Panetto et al., 2017).
Ângulo de cascos: O animal deve ter cascos altos, com talões fortes e ângulo de 45º nas pinças. O ângulo de cascos está relacionado com o tempo de permanência do animal no rebanho. Escores próximos a quatro ou cinco indicam bons cascos e os extremos são indesejáveis (Panetto et al., 2017).
Posição de pernas – Vista lateral: As pernas na altura do jarrete devem apresentar ligeira curvatura, que não pode ser acentuada. Escore acima de cinco indica pernas muito curvas (que podem causar desgaste do talão dos cascos, deixando-os achinelados) e abaixo, pernas retas. O ideal é escore próximo de cinco (Panetto et al., 2017).
Posição de pernas – Vista por trás: O escore ideal para posição das pernas é em torno de 5, indicando animal com pernas abertas e paralelas. Pernas ganchudas indicam jarretes fechados, que podem comprimir e diminuir o espaço a ser ocupado pelo úbere, aumentando as chances de traumatismos e, consequentemente, de ocorrência de mastite. Pernas arqueadas podem causar problemas nas articulações (Panetto et al., 2017).
Ligamento de úbere anterior: O úbere anterior deve estar bem aderido à região ventral do animal, evitando a formação de bojo. O ideal é um úbere anterior com escore acima de cinco, tão próximo quanto possível de nove, que indica ligamento forte (Panetto et al., 2017).
Largura de úbere posterior: Úberes posteriores mais largos possuem maior área de produção e de armazenamento de leite. Recomenda-se escore para úbere posterior tão próximo quanto possível de nove, que representa úbere posterior largo (Panetto et al., 2017).
Profundidade de úbere: Ao se observar uma vaca de lado, a profundidade do úbere é medida do topo do úbere ao ponto mais baixo do assoalho do úbere. O úbere ideal apresenta o seu assoalho a aproximadamente 10 cm acima do jarrete. Úbere raso é muito importante como indicador de maior tempo de permanência do animal no rebanho. Enquanto alguma profundidade é necessária para maior produção, úberes com escore próximo a nove para esta característica indicam úberes profundos e sujeitos a traumatismos, podendo causar decréscimo na produção de leite (Panetto et al., 2017).
Comprimento das tetas: O tamanho ideal para as tetas é em torno de 7,5 cm, de modo a facilitar a ordenha. Tetas muito longas prejudicam a mamada do colostro pelo bezerro, dificulta a ordenha e estão relacionadas ao aumento da incidência de perda de tetas e mastite. Tetas muito curtas também são indesejáveis por dificultarem a mamada e a ordenha. O escore 1 (um) representa tetas curtas. As tetas intermediárias (7,5 cm) recebem o escore cinco e as tetas compridas são representadas pelo escore nove (Panetto et al., 2017).
Diâmetro das tetos: O desejável são tetas de diâmetro intermediário para baixo. Tetas excessivamente grossas prejudicam a ordenha e a mamada, sendo, portanto, indesejáveis para a raça. O escore 1 é atribuído para as vacas com tetas finas. Já as tetas intermediárias (3,8 cm), recebem o escore 5. Já o escore 9, é atribuído às tetas grossas (Panetto et al., 2017).
Facilidade de ordenha: Essa característica está relacionada ao tempo a ao esforço desprendido na ordenha das vacas. O ideal são os escores mais próximos a 1 (um), indicando ordenha fácil ou macia. O escore cinco é atribuído à ordenha normal e o escore 9, à ordenha “muito dura” (Panetto et al., 2017).
Temperamento: Relaciona-se à docilidade e facilidade de manejo dos animais. O ideal são os valores próximos a 1 (um), indicando vacas muito mansas. O escore cinco é atribuído às vacas de temperamento normal e o escore nove representa as vacas muito bravas (Panetto et al., 2017).
Comprimento do umbigo: O escore 1 (um) é atribuído aos animais com umbigo curto. Já o escore cinco representa umbigos intermediários, com a medida de 9,8 cm. Os umbigos compridos recebem o escore 9 (Panetto et al., 2017).
CARACTERÍSTICAS DA RAÇA
O Gir Leiteiro se destaca por sua rusticidade, longevidade produtiva e reprodutiva, docilidade, baixo custo de mantença, facilidade de parto, produção de leite a pasto (excelente conversão alimentar), e versatilidade nos cruzamentos. O Gir Leiteiro reduz os custos nos aspectos de alimentação, medicamentos, assistência veterinária e mão de obra exigida para condução e cuidados com os animais do rebanho.
O Gir Leiteiro expressa seu potencial produtivo com menos alimento e sofre menos com a restrição alimentar, pois sua exigência, seu índice de metabolismo e de ingestão de alimentos é mais baixo em relação às raças taurinas, sendo necessário menor reposição alimentar. Além de suas características produtivas, o Gir Leiteiro é um zebu que se destaca por sua nobreza e beleza racial, além das diferentes pelagens que constituem seu padrão zootécnico.
O Gir Leiteiro também vem se destacando pelo seu bom temperamento leiteiro, seja para a ordenha manual, seja para a ordenha mecanizada. A seleção também vem aprimorando características de úbere, como tamanho dos tetos. Aliadas a isto, a docilidade da raça associada a um bom manejo tornam possíveis a boa exploração do Gir Leiteiro para a produção de leite em larga escala.
CRUZAMENTOS
Quando cruzado com o Holandês, o Gir Leiteiro produz o Girolando, um animal extremamente rústico, de excepcional conversão alimentar e de alta produção leiteira. Também pode ser utilizado em vacas Jersey para produzir o Girsey e no Pardo Suíço que resultará no Giropar, bem como com ambas as raças para a produção de mestiços rústicos e de alta produção.
Texto: Nathã Carvalho, Mestre em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul